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1 16/10/2025 08:35

A ideia técnica remonta à década de 1960, quando foi apresentada proposta no Plano Diretor de 1967.

A proposta de ligar Salvador à Ilha de Itaparica por uma ponte atravessa mais de meio século de estudos, anúncios e adiamentos. A ideia técnica remonta à década de 1960, quando foi apresentada proposta no Plano Diretor de 1967, mas tornou-se promessa política recorrente a partir dos anos 2000, sem que a obra tenha sido efetivamente iniciada.

Em 2009/ 2010, o projeto assumiu caráter oficial no governo estadual, com estudos preliminares e modelagem técnica conduzidos por equipes da Secretaria do Planejamento e de agências estaduais. Na sequência, o então governo instituiu comitês técnicos para dar forma à Parceria Público-Privada (PPP) e definiu prazos e estimativas orçamentárias que, ao longo dos anos, sofreram sucessivos adiamentos.

O cronograma original previa início de obras e entrega em prazos que não se cumpriram. Em 2013 a expectativa era de evolução efetiva do projeto; em 2023 e 2024 circulou nova calendarização para início das sondagens e mobilização de equipamentos, mas os marcos anunciados não se consolidaram. O custo estimado também cresceu significativamente desde os primeiros levantamentos técnicos. Essas variações alimentaram críticas na esfera pública e disputas políticas em torno da execução do empreendimento.


Planejamento da rota da ponte. Imagem: Reprodução

A ponte tornou-se elemento frequente na agenda eleitoral estadual. Governadores sucessivos utilizaram o projeto como item de campanha e de comunicação pública: a promessa foi repetida em diferentes mandatos, o que reforça a percepção de que o tema serviu, por vezes, como instrumento de mobilização política sem corresponder, até o momento, a obras físicas iniciadas. Jornalagens e análises locais apontam que o projeto passou por governos e campanhas sem que pilares ou tabuleiros tenham sido implantados em campo.

No atual mandato, o governador Jerônimo Rodrigues (PT) tem reafirmado a prioridade técnica da ponte em declarações públicas, mas enfrentou repercussão adversa por episódios recentes. Em 3 de setembro, ao ser questionado por jornalistas sobre prazos e diálogo com comunidades afetadas, o governador demonstrou impaciência diante de perguntas sobre o projeto, reação noticiada pela imprensa local. Em trechos que circularam em redes sociais, há relatos de declarações em que o governador teria admitido que a obra “não sairá” dentro de seu mandato, afirmação que motivou atenção e críticas de opositores e de parte da imprensa.


Ilha de Itaparica: Foto: Felipe Peixoto Brito

Críticas ao governo atual concentram-se sobre duas questões centrais: a falta de avanços físicos mensuráveis e a utilização reiterada da ponte como promessa eleitoral. Organizações políticas e vozes da oposição têm destacado que o projeto, anunciado em campanhas e eventos oficiais, permanece em etapas preparatórias — estudos de sondagem e modelagem — sem cronograma executório definitivo. Em nota e entrevistas, representantes do governo afirmam que o projeto avança nas etapas técnicas e que inspeções e contratos seguem em tramitação, mas a ausência de obras visíveis mantém a obra como tema controverso.

O impacto da postergação interessa diretamente às comunidades do Recôncavo e à mobilidade metropolitana. Estimativas oficiais e do setor indicam que a ponte reduziria o tempo de viagem entre Salvador e Itaparica de mais de uma hora para cerca de quinze minutos, além de potencializar o desenvolvimento econômico regional. Ao mesmo tempo, falta de cronograma consolidado e indefinição sobre prazos e recursos aumentam a incerteza local.

A avaliação técnica e política sobre o estágio atual do projeto permanece dividida. Enquanto o governo destaca estudos em curso e articulações com parceiros nacionais e internacionais, parte da sociedade e da oposição consideram que a obra foi reiteradamente anunciada em períodos eleitorais sem correspondência com execução. A combinação de promessas sucessivas, reajustes orçamentários e declarações públicas ambíguas sobre prazos, alimenta ceticismo sobre a viabilidade de conclusão não somente em curto prazo, mas de uma forma geral.


Projeção de Ponte Salvador- Itaparica. Imagem: Reprodução

Em meio às indefinições sobre o início das obras, a Assembleia Legislativa da Bahia (Alba) aprovou a criação da Secretaria Extraordinária do Sistema Viário Oeste Ponte Salvador-Itaparica (Seponte), vinculada ao Governo Jerônimo Rodrigues. A nova pasta tem a atribuição de coordenar, articular e acompanhar os projetos e ações ligados à implantação da ponte, atuando em conjunto com outros órgãos públicos. Segundo o governo, a Seponte terá caráter temporário, existindo apenas durante as fases de projeto e execução da obra, estimada em R$ 12 bilhões e com extensão prevista de 12,4 quilômetros. O início das obras foi novamente projetado para junho de 2026, sob responsabilidade das empresas chinesas CCCC e CCECC. Nos bastidores, entretanto, há expectativa sobre os critérios de escolha para a composição da secretaria — se prevalecerá a nomeação técnica ou a indicação política.

Em razão do histórico, a ponte Salvador–Itaparica segue no centro do debate público: projeto de alto impacto e alto custo, com apelos técnicos relevantes e, até o presente momento, sem obra iniciada que permita confirmar prazos e entregas. Cabe ao governo estadual esclarecer a situação e entregar um cronograma preciso, demonstrando avanços concretos e respondendo aos questionamentos feitos pela imprensa e pelas comunidades que serão diretamente afetadas pela obra.

 

Da Redação CSFM







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