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1 02/09/2014 20:54

Por Rodrigo Viga Gaier e Camila Moreira

RIO DE JANEIRO/SÃO PAULO (Reuters) - A produção industrial brasileira voltou a crescer em julho depois de cinco meses seguidos de queda, com alta de 0,7 por cento frente a junho, num resultado melhor do que o esperado para o começo do semestre, mas que não deve representar o início de uma tendência de recuperação para o setor.

Na comparação com o mesmo mês do ano anterior, a produção industrial caiu 3,6 por cento em julho, quinta taxa negativa seguida, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça-feira.

Pesquisa da Reuters junto a economistas mostrou que as medianas apontavam alta da atividade de 0,5 por cento na comparação mensal e recuo de 3,7 por cento sobre um ano antes. O resultado melhor do que o esperado sustentava a alta dos juros futuros nesta sessão.

A alta mensal de julho, entretanto, foi favorecida por uma base de comparação muito fraca e não foi suficiente para compensar as perdas anteriores. Segundo o IBGE, entre fevereiro e junho a queda acumulada foi de 3,5 por cento.

Somente em junho a produção recuou 1,4 por cento sobre o mês anterior, em parte por causa do menor número de dias úteis por conta da Copa do Mundo. Embora o torneio tenha acabado na metade de julho, a maior parte dos jogos aconteceu em junho.

"Temos dois efeitos em julho que explicam o crescimento: o fim dos feriados em excesso de junho em razão da Copa e uma volta gradual da carga horária, e há também uma base de comparação baixa", destacou o economista do IBGE André Macedo.

"É precipitado falar em recuperação, porque não repôs a perda e nas comparações mais longas ainda há predominância de resultados negativos. A indústria deu apenas um primeiro passo em cima de uma base deprimida", completou.

Neste ano, a produção industrial acumula queda de 2,8 por cento, sendo que em 12 meses registra perda de 1,2 por cento.

AGOSTO

Entre os segmentos industriais, destacou-se em julho a produção de Bens de Capital, medida de investimento, que avançou 16,7 por cento sobre junho, interrompendo quatro meses seguidos de queda. Entretanto, sobre julho de 2013 o segmento registrou queda de 6,4 por cento. No ano, o segmento acumula queda de 7,8 por cento.

A categoria Bens de Consumo Duráveis, por sua vez, registrou avanço de 20,3 por cento na comparação mensal, mas queda de 13,7 por cento sobre o ano anterior. No ano, o recuo é de 9 por cento.

O IBGE destacou ainda que 20 dos 24 ramos de atividades pesquisados tiveram alta em julho, sendo que as principais influências positivas vieram de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (+44,1 por cento) e veículos automotores, reboques e carrocerias (+8,5 por cento).

Para o economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini, uma avaliação melhor sobre a situação do setor só poderá ser feita em agosto, passado o efeito da base de comparação fraca.

"Em agosto vamos ter condições de saber se houve pequena recuperação ou não. Mas pelo que temos visto de indicadores coincidentes e antecedentes, dificilmente houve. Ainda temos as expectativas se deteriorando", disse ele.

Entre os indicadores, o Índice de Gerentes de Compras (PMI) de agosto apontou expansão após quatro meses de contração.

Ainda asssim, as perspectivas são negativas este ano para a indústria que não consegue se desvencilhar do baixo nível de confiança. Economistas consultados na pesquisa Focus do Banco Central veem retração de 1,70 por cento da indústria este ano.

No segundo trimestre, de acordo com números do Produto Interno Bruto (PIB), a indústria teve retração de 1,50 por cento sobre os três meses anteriores, pesando sobre a atividade econômica, que encolheu 0,6 por cento no período e levou o país a entrar em recessão técnica.

 

(Reportagem adicional de Felipe Pontes no Rio de Janeiro)







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