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1 02/12/2021 15:37

O café é a segunda bebida mais consumida pelos brasileiros, mas em 2021 o sabor da bebida ficou mais amargo. No ano, o café em grão já subiu mais de 110% segundo dados da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), e a tendência é que o produto continue a subir em 2022, podendo chegar ao valor mais alto em 25 anos.

A alta nos preços está ligada a uma série de fatores. Há, primeiro, os danos climáticos na safra 2021-2022, mas também uma produção pequena em 2020-2021, uma demanda que cresceu na pandemia e custos de produção maiores com a alta do dólar.

O cenário não é exclusivo do Brasil, e problemas de produção em outros grandes produtores, como Colômbia e Vietnã, também impactam nos preços. Criou-se, com isso, o que Celírio Inácio, diretor-executivo da Abic, considera ser um cenário raro, de grande especulação em torno dos preços do produto.

Crises do café

Segundo Inácio, o café é uma planta perene, que não costuma passar por grandes alterações de produções que levem a altas nos preços. Com isso, as crises ligadas ao produto são mais raras, e espaçadas temporalmente. Mas existe um fator em comum a elas: a causa é climática.

A última grande crise do café foi em 1994, quando uma geada atingiu os estados de Paraná e São Paulo, que na época ainda eram os maiores produtores. A saca do café ultrapassou US$ 200 à época com a queda na produção.

Antes disso, a chamada “geada negra”, também no Paraná, afetou a produção das safras para 1975, 1976 e 1977, e o cenário piorou com a disseminação de uma doença chamada ferrugem alaranjada. Com isso, a saca chegou a US$ 400.

Antes disso, em 1969, outra geada levou à perda de até 70% da safra daquele ano. Outra grande crise foi a da década de 1930, quando houve uma superprodução do produto, a oferta superou a demanda e os preços caíram.

O Brasil era o maior produtor mundial de café naquele período, com o produto com peso grande na economia, e o governo de Getúlio Vargas decidiu comprar e queimar estoques de café para manter os preços altos.

Comparativamente, a crise atual do café está seguindo o caminho das anteriores. Inácio afirma que, atualmente, a saca do café está em torno de R$ 1.200, ou cerca de US$ 213, em linha com preços de episódios anteriores.

Fatores para a alta

A análise dos preços do café leva em conta, primeiro, o fato dele ser um produto de cultura bianual. Ou seja, uma produção ruim em 2021 tende a impactar a de 2022, e a recuperação é vista apenas em 2023.

André Rolha, analista da Venice Investimentos, afirma que a falta de chuvas e as geadas no Brasil afetaram quase 589 mil toneladas de café, em especial em São Paulo e Minas Gerais, estado que concentra cerca de 50% da produção do grão.

A perspectiva ruim para a safra 2021-2022 se soma a uma produção baixa na safra de março de 2020 a setembro de 2021. “A safra passada [2019-2020] foi recorde, mas tivemos um aumento do consumo interno com a pandemia e um recorde na exportação. Ela foi em torno de 60 milhões de sacas. Essa safra foi menor, não deve passar de 47 milhões de sacas”, afirma Inácio.

A produção baixa e a perspectiva de números também reduzidos em 2022 criam um cenário especulativo, com os preços da safra 2021-2022 já sendo afetados. “Dependendo de como impacta o solo, a raiz, o produtor pode antecipar a produção e estocar prevendo uma alta de preços, e isso já tem sido repassado ao consumidor”, afirma Rolha.

Além das geadas, outro aspecto que tem afetado os preços do café é a alta do dólar. Por um lado, o real desvalorizado estimula os produtores a exportar o café, já que a lucratividade é maior, mas a baixa oferta no mercado interno faz os preços subirem.

 

Fonte: CNN 

 

 







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