Esportes

1 18/12/2014 16:20

A equipe amadora Junior Roma, da cidade de Decin, na República Tcheca, tem feito uma campanha surpreendente em uma liga distrital do país. Criado neste ano, o clube conseguiu seis vitórias em dez partidas antes da pausa invernal e chegou a acumular cinco triunfos consecutivos. O problema é que os bons resultados estão sendo conquistados sem que os jogares entrem em campo. Os rivais se recusam a enfrentá-los e aceitam pagar multas e perder os pontos porque não querem se misturar com um time formado por ciganos. O drama foi noticiado em uma nota curta no jornal local, mas acabou movendo pessoas de várias partes da Europa. A luta contra o racismo fez Annika Jagander, embaixadora da Suécia em Praga, formar um grupo de diplomatas para disputar um amistoso contra eles. A notícia local tornou-se assunto internacional. E o modesto clube, um exemplo de briga por igualdade.

- A situação dos cerca de 12 milhões de pessoas roma e sinti (grupos ciganos) que vivem na Europa por quase mil anos continua vergonhosa em muitas partes do continente. A marginalização deles é visível em muitos lugares. Já passou da hora de todos nós levarmos essa questão a sério. A situação está enraizada na história e na enorme discriminação da qual muitos Roma sentem-se vítimas por séculos. Conhecer a história é decisivo se quisermos melhorar a situação atual. Estou muito preocupada com o crescimento do anticiganismo, que é evidente em muitos países da Europa, com ações violentas e ameaças dirigidas aos roma. Meu próprio país, a Suécia, não está livre do anticiganismo, então, não há razão para que sejamos complacentes - disse Jagander, em entrevista por e-mail ao GloboEsporte.com.

O problema vai muito além do futebol. Em agosto de 2013, centenas de pessoas foram às ruas simultaneamente em seis cidades da República Tcheca para protestar contra a presença dos ciganos. Entre julho e outubro do mesmo ano, houve tentativas de ataques às comunidades em que os roma são predominantes. Em Decin, cidade de 50 mil habitantes situada ao norte da capital Praga e perto da fronteira com a Alemanha, há uma grande presença deles. O país tem mais de 10 milhões de pessoas, e cerca de 300 mil são da etnia.

Os rivais do Junior Roma negam que a recusa por entrar em campo seja por puro racismo e alegam medo de atos violentos tanto por parte dos jogadores quanto dos torcedores. A justificativa é defendida, e apoiada pela federação de futebol local, por causa de um episódio ocorrido em 2011. A comunidade Roma tinha um clube chamado FC Decin. Durante uma partida contra o Lokomotiv Decin, o goleiro Patrik Hérak agrediu o árbitro, dando início a uma briga generalizada que seguiu até os vestiários. O time dos ciganos foi punido com uma multa de US$ 1,2 mil (R$ 3,2 mil). Como o grupo não tinha o dinheiro, a equipe foi extinta.

O ano de 2014 marca um período de eleições municipais na República Tcheca. Os políticos de Decin decidiram ajudar os roma a ter uma nova equipe. Nasceu o Junior Roma. Os ciganos da cidade rendem votos e mantêm uma escolinha de futebol na comunidade, o que ajuda a tirar as crianças das ruas. Mas os tchecos reclamam dos problemas que eles supostamente trouxeram ao país como pobreza, violência, desemprego e outras questões sociais que geram despesas ao governo. Dividir escolas, locais de trabalho e até campos de futebol está fora de cogitação.

 

Globo Esporte







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