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1 12/08/2022 14:47

Em um das suas últimas canções gravadas, 'Nasci para cantar', Zelito resume sua vida em uma música que carrega a defesa da cultura nordestina, com referências a João Gilberto, Jackson Pandeiro e o rio São Francisco. Figura ativa na defesa da cultura nordestina, Zelito Miranda sai de cena, mas deixa como legado a história que cantou: "Quando chego e solto a voz em todo lugar tem farra. Eu nasci para cantar e cantarei"

Com mais de 40 anos de carreira e mais de 200 músicas, Zelito Miranda começou nas artes ainda muto jovem. O forró não foi paixão à primeira vista, mas após o encontro foram 35 anos como cantor e defensor do ritmo mais tradicional do nordeste brasileiro que rendeu a Zelito o título de 'rei do forró temperado'.

O artista baiano, que morreu nesta sexta-feira (29) aos 66 anos, se tornou nome forte na defesa da cultura nordestina e foi anfitrião do Forró do Parque, iniciativa que colocou o ritmo em destaque na Bahia por muito mais tempo do que costumava acontecer.

Nascido em Serrinha, a 175 km de Salvador, Zelito foi voz ativa na defesa da cultura nordestina e se considerava "diferente, irreverente e autêntico". O Cabeludo, como era chamado pelos amigos deu os maiores passos iniciais nas artes em Salvador, no teatro ao lado de uma geração de grandes artistas.
 
"Eu comecei logo cedo, cheguei do interior menino puro e besta querendo fazer arte. Me engajei com a galera que fazia pesquisa, passei pela pintura, depois cai no teatro. Fiz nove anos de teatro profissional. Meu quartel era o teatro Vila Velha, na época com João Augusto, Benvindo Siqueira, Harildo Deda. Eu no meio daquelas feras todos", gostava de contar.

Em paralelo ao teatro, Zelito passou a estudar com música com o maestro Lindembergue Cardoso, professor da escola de música da Universidade Federal da Bahia, e um dos maiores instrumentistas da Bahia. Em seguida, Zelito passou pelo rock, e também participou dos Novos Bárbaros, grupo que fez sucesso nos trios elétricos de Salvador na década de 1980. Até ser convocado pelo forró.

Após vencer um concurso em Arempebe, na Região Metropolitana de Salvador, com uma música chamada 'Nos olhos da onça', chamou atenção da organização do projeto Pixinguinha Nacional, da Funarte. Inicialmente, Zelito rodaria o país fazendo shows ao lado de Inezita Barroso, mas por conta de problemas de saúde da cantora, ela foi substituída por Belchior. A parceria resultou em uma amizade entre o cearense e o baiano.

"'Bel' me chamava de professor. Desenvolvemos uma amizade muito grande. Uma vez imitei ele, ele atrás de mim no placo, acho que não gostou muito não", contou Zelito às gargalhadas, em uma live ao lembrar a amizade com o cantor e compositor cearense.
Após gravar o primeiro disco de forró, Zelito passou a chamar sua música de MPN (Música Popular Nordestina). Em seguida, passou a defender nos palcos o legado do maior forrozeiro brasileiro, Luiz Gonzaga.

As suas passagens pelo rock, MPB e a experiência no trio elétrico deram a ele o apelido de “Rei do Forró Temperado”. Nos palcos e discos, o forrozeiro misturava novos instrumentos, arranjos e melodias à tradição do forró pé de serra. As parcerias também mostravam a pluralidade de Zelito. Cantou ao lado de nomes como Genival Lacerda, Olodum, Cascadura, Trio Nordestino, Bailinho de Quinta e tantos outros.

Em um das suas últimas canções gravadas, 'Nasci para cantar', Zelito resume sua vida em uma música que carrega a defesa da cultura nordestina, com referências a João Gilberto, Jackson Pandeiro e o rio São Francisco. Figura ativa na defesa da cultura nordestina, Zelito Miranda sai de cena, mas deixa como legado a história que cantou: "Quando chego e solto a voz em todo lugar tem farra. Eu nasci para cantar e cantarei".
 
 
 
 







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