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1 20/05/2020 11:26

Nesses últimos dias o Pai Criador de todas as coisas deste mundo tem chamado para perto de Si uma turma boa, daquelas que já começaram a fazer muita falta aos amigos que deixaram aqui na terra. Toda a nossa amargura se reverterá na eterna – enquanto dure – saudade, pois temos que reconhecer a sabedoria Divina nas sábias escolhas que sempre faz.

Devem ter cumprido suas missões aqui pelo mundo terreno e, quem sabe, chegou a hora de darem uma mãozinha ao Criador na infinita missão de tornar melhor a humanidade, atualmente tão afastada da espiritualidade. Enquanto o materialismo campeia a passos largos, cada um segue caminhos mais que diferentes, antagônicos, em que vale mais a obediência à ideologia sectária, opressiva, que dispõe do homem apenas e tão somente como um objeto de dominação do Estado.

Em menos de um mês perdemos aqui no Sul da Bahia três pessoas que sempre foram além da conta, como o padre João Oiticica (28 de abril), um missionário que levava o nome de Deus aos ilheenses. Problemas renais o tiraram deste mundo e sequer pode receber as últimas homenagens do rebanho que apascentou por anos a fio e que lhe devotavam muito respeito e admiração.

Em pouco mais de duas semanas recebemos com pesar a notícia da morte do Bispo Emérito de Itabuna, Dom Czeslaw Stanula, acometido de pneumonia, Chicungunha e neoplasia da próstata. De origem polonesa, Dom Ceslau (como passou a ser chamado) viveu as dificuldades em sua terra massacrada pela guerra e o domínio comunista e dedicou sua vida a fazer o bem à humanidade.

Em Itabuna, onde chegou em 1997, encontrou parte da diocese desviada de sua finalidade, descuidando das coisas de Deus e privilegiando sobremaneira a política partidária. Com muita sabedoria soube separar o que era de Cesar e o que era de Deus, retomando os ensinamentos de Jesus Cristo, de forma apostólica para promover a salvação do homem.

Figura carismática, Dom Ceslau pacificou ânimos com sua sabedoria. Ao entrevistá-lo, convidei-o para escrever um artigo semanal no jornal Agora, do qual era o editor, sobre assuntos litúrgicos e da Igreja, de forma geral. A cada semana nos brindava com grandes peças sobre a fé, lidos e debatidos pela comunidade católica com grande repercussão no Sul da Bahia.

Muitas das vezes, quando não recebia o e-mail no prazo do fechamento, nos comunicávamos e o encontrávamos em vários países dos diversos continentes pregando missões, embora aqui pouco soubéssemos do conceito internacional que gozava. Nos bate-papos descontraídos, quando eu comentava sobre meus tempos de seminarista capuchinho e que poderia lhe dar trabalho hoje caso tivesse me ordenado, dizia de forma risonha: “Meu filho, Deus é muito sábio e me poupou desse contratempo”.

Nesta terça-feira (19), recebo um telefonema de minha amiga jornalista Maria Antonieta (Tonet) informando da morte do amigo Robson Nascimento, com o diagnóstico de ter contraído o vírus Covid-19. Robson era um daqueles amigos inseparáveis e nos falávamos cerca de três vezes por dia, a última ligação no dia 7 de maio, quando se queixou de uma gripe e tosse – não a seca – que lhe estava causando dores de cabeça.

Recomendei sua transferência para a casa de praia, onde poderia caminhar diariamente nas areias da praia dos Lençóis e fortalecer o corpo e o espírito, notadamente o pulmão, órgão sensível ao vírus. Embora fosse ele que estivesse acamado, manifestava a toda hora os cuidados que eu e minha mulher deveríamos tomar para não ser infectado e recomendava: “Muito cuidado, não saia de casa!”. Outros telefonemas não foram atendidos, pois já se encontrava internado e eu não sabia.

Robson é meu companheiro de lutas jornalísticas desde a década de 1980, quando viajava a Bahia inteira e trazia dezenas de fitas com entrevistas e reportagens para darmos o texto para o jornal Agora. No Correio da Bahia, do qual foi chefe da sucursal de Itabuna, cobríamos o Sul, Extremo Sul e Baixo Sul da Bahia para a publicação diária e o caderno Sul da Bahia, onde fiz reportagens memoráveis, com magníficas fotos dele.

De volta do Paraná e Santa Catarina, fui convidado a elaborar o projeto para transformar o semanal jornal Agora em diário, e Robson foi uma das pessoas que pedi a contratação para a direção comercial. Assim, fortaleceríamos as vendas e a torcida do Botafogo – apenas eu e Joel Filho contra os flamenguistas Kleber Torres, José Adervan e Antônio Lopes.

Edição de fim de semana fechada com mais de 100 páginas, a sexta-feira do Agora se tornou famosa pelo encontro etílico semanal na sala do presidente Adervan – dividida com Robson –, local dos comes e bebes. Abstêmio há anos, Robson participava da farra beliscando um tira-gosto e fazendo o que herdou do pai: tirar fotos, as quais eram imediatamente postadas nas redes sociais.

Por falar em encontros, fico meio ressabiado com nossos almoços promovidos pelo último grande anfitrião de Ilhéus, Carlos Farias Reis, recentemente desfalcado pelo padre João Oiticica, encarregado das orações com os pedidos de que nunca faltassem recursos e vontade de novos convites. Agora, teremos sentiremos a falta do nosso fotógrafo oficial e motorista da vez, dada sua condição de abstêmio.

Rogo a Deus que sensibilize nosso anfitrião Carlos Farias a realizar mais um almoço, desta vez para relembrarmos e homenagearmos os ausentes fisicamente José Adervan, padre João Oiticica, Robson do Nascimento, Moreia, Djalma Eutímio, dentre outros. Prometo que chegarei o mais cedo possível para ajudar a transportar a mesa da diretoria, na qual terei o merecido assento.

O tempo Urge!

*Radialista, jornalista e advogado


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 Penso Assim - por Walmir Rosário 






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