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1 17/01/2019 00:09

Confesso que estou com receio (ou medo, mesmo) de ir a Ilhéus nessa sexta-feira 18 de janeiro de 2019. É que essa sexta-feira tem cara e corpo inteiro de 13, o número fatídico do PT. Neste dia será realizado, ou, pelo menos, está agendado, o lançamento do livro “Zé Dirceu – Memórias – Volume 1”, escrito na sua mais recente prisão, e que conta quase tudo de sua vida.

Não estranhe o meu medo, pois nesse dia está anunciada uma batalha sem precedentes na cidade, que torna as “guerras” nos jogos entre as seleções de Ilhéus e Itabuna, brincadeira de criança. Bem diferente de antes, quando os ilheenses (papa caranguejo) se postavam em cima do viaduto Pedro Catalão para apedrejar os itabunenses (papa jaca) que viajavam em cima da carroceria de caminhões para assistirem aos jogos. Alvos fáceis.

Por falta de estratégia, os petistas escolheram logo a Academia de Letras de Ilhéus para sediar o evento, quem sabe por ouvir dizer que o local onde se cultuam as letras, a Casa de Abel Pereira, portanto apropriada para eventos de tamanha monta. Mas a proposta não ficou barata e manifestantes (ou ativistas, como queiram os senhores), prometeram empastelar o lançamento, com todas as forças.

Quando eu disse falta de estratégia dos petistas, me referi apenas ao formato das ruas daquela área antiga da cidade, construídas em forma de “U”, para que os habitantes pudessem se defender dos invasores. Quem chega – o invasor – não tem a capacidade ou condição de ver muito à frente, daí a vantagem dos defensores, que deveriam estar armados até os dentes.

Ora, mas o que tem a ver a proibição de um lançamento de livro em Ilhéus, e justamente numa academia de letras, para levantar tamanha celeuma se ela é frequentada até por Jabes Ribeiro, que tem assento na cadeira 8. Calma, o xis do problema é que o buraco é mais embaixo e reside, no caso em questão, na velha luta entre invasores e invadidos. Melhor dizendo: Contra quem apoia o MST e os índios “paraguaios” nas invasões de fazendas.

Me disseram, até, que devido ao grande calor deste verão, assim que soube da notícia da guerra declarada pelos agricultores, o Zé Dirceu baixou hospital, atendido com todas as honras no Costa do Cacau, recém-inaugurado. Ainda bem que os médicos ainda não tinham entrado em greve, ocasionada pela simples falta de pagamento dos seus serviços prestados desde setembro do ano passado.

À boca pequena, circula na cidade, uma outra versão, dando conta que a ida de Zé Dirceu ao Hospital Costa do Cacau tinham motivos relevantes: primeiro, conhecer a obra decantada pelo governador Rui Costa, construída com recursos federais; segundo, que não acreditei de pronto, dá conta que seria apenas uma estratégia para o multifacetado Zé Dirceu posar de vítima, já que idoso e enfermo, quem sabe, conteria os ânimos exaltados.

Mas como se diz que quem tem amigos não dorme no relento, eis que surge o providencial apoio cultural dos artistas, ofertando-lhe [a Zé Dirceu] um espaço na Tenda do Teatro Popular de Ilhéus para o lançamento do rejeitado livro. De pronto, confesso que não conheço o texto do livro nem a resenha, mas acredito que Zé Dirceu corre perigo em lançá-lo em Ilhéus, pois corre o risco de ser convocado para ocupar uma das cadeiras vagas da academia, na qual, sentando, poderá ser decretada sua morte, pela idade.

Não é de hoje que tentam invadir Ilhéus. Desde 1595 – nos conta os historiadores – que o local foi alvo de ataque e invasão dos franceses, rechaçados prontamente pelos habitantes, coisa que permanece até os dias de hoje. Naquela remota época, apesar das belezas da baia do Pontal, dos morros e rios, os invasores não tinham nenhum interesse turístico, somente econômicos e políticos.

Até mesmo um pirata de faz de contas se aventurou a tomar Ilhéus para si e não conseguiu tal proeza. Foi um fiasco histórico. Nos tempos atuais o interesse por Ilhéus tem motivações diferentes: algumas turísticas, outras econômicas, as políticas são impublicáveis, e até por sobrevivência, como os que não se incomodaram com as belezas naturais e se homiziaram nos morros, sem qualquer tipo de exigência.

Pensava eu que essa questão estaria resolvida, com exceção apenas para os itabunenses, invasores semanais das praias e alguns com ânimo permanente e que se dão ao luxo de construir casas de veraneios, de acordo com as possibilidades dos bolsos. Outros vão em busca de trabalho no poder público, alguns de pronto rechaçados, enquanto outros são tolerados. Eu mesmo posso ser considerado um exemplo.

Antes, porém, o papa jaca tem quer ser – ao menos – conhecido, com frequência registrada onde não se bebe leite e come-se do melhor que conste nos cardápios de sustança, a exemplo da Central de Abastecimento do Malhado. Também é (e era) de bom alvitre frequência no saudoso Sancho Pança, na Barrakitika, no Vesúvio e até no Ponto Chic, para degustar um sorvete de Gileno antes ou depois da cachaçada.

Mesmo assim, as diferenças existirão sempre, pois papa caranguejo e papa jaca são os inimigos mais cordiais que já conheci. Quer ver...então bastar lembrar dos finais de semana no Chinaê, cheio de itabunenses. Os ilheenses queriam morrer de raiva por não conseguir sentar às mesas preferidas e comer os caranguejos maiores. Quem manda chegarem atrasados.

Voltado à vaca fria, explico que sou um homem pacífico, totalmente contrário a todos os tipos de violência (se é que as existem), até pela minha condição de ser um cidadão chegado na idade, sem forças para o combate. Portanto, nesta sexta-feira, dia 18, continuarei arranchado em Canavieiras, e desde já declaro nulas minhas pretensões de comer uns quibes no Vesúvio e fechar a noite na minha adorada Barrakitika, né Bruno.

Quanto ao Zé Dirceu, melhor sorte não cabe a mim desejar-lhe, visto não ter poder para tal, por ser um homem astucioso, sagaz e que sabe se adequar aos mais diversos ambientes. Mais do que todos, tem conhecimento de que é odiado e idolatrado. Em nome de uma falsa democracia pintou o diabo, com o intuito de desfigurar a palavra democracia, fazendo crer que a sua ditadura seria o melhor dos mundos. É da vida!

* Radialista, jornalista e advogado


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 Penso Assim - por Walmir Rosário 






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