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1 01/01/2019 00:37

Já era hora do Brasil acordar e colocar de volta muitas coisas nos seus devidos lugares. Ainda bem que um novo ano se anuncia, reacendendo nossas esperanças. E não era pra menos, pois faz tempo que os brasileiros estão reclamando mudanças em tudo quanto é lugar. Até mesmo nos aeroportos, local onde os passageiros são vistos como um inimigo em potencial. Melhor dizendo, terroristas prestes a explodir o avião em pleno voo.

De minha parte, confesso que não a menor vocação para esse tipo de coisa, pois quando viajo – principalmente em aviões –, estou indo pra longe, ver os filhos e netos, ou a outro tipo de negócio. Jamais pensaria num tresloucado gesto desses, pois quero ir e vir, conforme me assegura a Constituição Federal. Longe de mim querer o mal para os passageiros, quanto mais para minha vida, e asseguro não ter a menor vocação para ir ao paraíso, onde me aguardariam as 77 mil virgens.

Calma, não simples verborragia, essa longa introdução – ou nariz de cera, como dizem os mais puros jornalistas –, é apenas para mostrar minha indignação por uma blasfêmia cometida pelos funcionários do Raio X do aeroporto de Ilhéus, em dias nem tão distante. É que apreenderam um volume PET de dois litros com a mais legítima batida de maracujá recém-saída do laboratório do ABC da Noite, elaborada pelo conceituado alquimista Caboclo Alencar, que também atende por Alencar Pereira da Silveira.

De minha parte, garanto, que se no aeroporto Jorge Amado, na vizinha cidade de Ilhéus, estivesse, a confusão não teria terminado até hoje, e não deixaria barato a proibição de um passageiro levar, em sua bagagem, tão precioso líquido. Ora, com certeza, o precioso líquido, devidamente manipulado, deveria ser um presente a um grande amigo que não teve a felicidade de vir a Itabuna experimentar a por demais conceituada batida. Quem sabe, nem Itabuna conhecia, mas seria presenteado com tal relíquia pelo grande amigo.

Bastou eu ver a foto, a mim enviada pelo irmão Antônio Augusto, conhecido no Beco do Fuxico (do Baixo ao Alto) como Careca, por motivos óbvios, pessoa de bem e que não enviaria essa foto num grupo de whatsapp “Bodes do Cabôco” apenas para despertar minha ira. Ainda fui me certificar com a procedência da foto, aprisionada numa caixa acrílica, onde se lia perfeitamente os dizeres: Concessionária do Aeroporto de Ilhéus, e logo abaixo: OBJETOS PROIBIDOS DESCARTADOS, assim mesmo, em letras garrafais.

Se indignado fiquei em ver essa foto, imagine a reação de Antônio Augusto, o Careca, figura ilustre do ABC da Noite, onde ostenta o pomposo título de “Aluno Repetente”, a ele conferido pelo Caboclo Alencar, dada sua persistência em não passar de ano e permanecer continuamente na classe. Na literatura pesquisada não encontrei uma só referência a uma desfeita dessa com uma batida de nome e sobrenome, conhecida e apreciada em Itabuna e outros recantos deste planeta.

Após muito estudo, pensei até que a tresloucada reação do funcionário do Raio X não tenha sido contra a batida, mas com o involucro, um garrafão PET de dois litros, cuja origem era de Coca-Cola, o que pode ter levado à desconfiança pela cor amarelada, ao contrário do preto alcatrão do refrigerante ianque. Melhor teria sido exportar a mais do que cinquentenária batida com um rótulo como recomendam os marqueteiros, para evitar desencontros como esse, se é que os funcionários aceitariam.

De minha parte, farei apenas umas breves considerações aos diretores e chefes da concessionária do aeroporto Jorge Amado, itabunense com a batida do ABC da Noite elaborada pelo Caboclo Alencar, que contratassem pessoas mais experientes para tão importante função. Importante, sim, dado aos poderes absolutos que têm, em barrar um produto etílico itabunense, primeiro na pauta de exportação dentre os manufaturados da classe de serviços turísticos.

Quem sabe seria útil e providencial uma semana de estágio no Baixo Beco do Fuxico, mais exatamente no ABC da Noite, para constatar a inofensibilidade da batida do Caboclo Alencar durante qualquer voo. No mínimo, após algumas doses, o ilustre portador do precioso líquido poderia tirar um cochilo reparador, sem perturbar o conforto dos companheiros de viagem. Gostaria, entretanto, de deixar um aviso: O expediente no ABC da Noite é das 11 horas às 13h30min, de 2ª a 6ª, e das 11 às 13 horas, no sábado.

O que não consigo conceber é que nesses tempos de internet e de redes sociais funcionando 24 horas diárias, ainda exista vivalma desconhecedora das batidas do ABC da Noite e do alquimista Caboclo Alencar. Fosse em tempos recuados, como dizia o saudoso jornalista e aluno do ABC da Noite, teria ficado de castigo na escola, sendo obrigado a escrever três mil vezes no caderno: “Daqui pra frente não descartarei da batida do Caboclo Alendar”. Mas como os tempos são outros…

Eu mesmo, refastelado em minha espreguiçadeira aqui na aprazível Canavieiras, nunca cai na besteira de desprezar a batida do ABC da Noite, sempre que faço uma incursão por Itabuna, subindo ou descendo o Beco do Fuxico. Provo a linha de produção, com as devidas recomendações do Caboclo. Agora mesmo, sem qualquer encomenda, recebi uma meota – com todo o respeito – da mais pura batida de pitanga, capaz de curar qualquer febre, trazida pelo Antônio Augusto, o Careca, para a virada do ano.

Se Maomé não vai a montanha, a montanha vem a Maomé! Sorry, periferia, como dizia o colunista Ibrahim Sued!

* Radialista, jornalista e advogado


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